quinta-feira, 14 de julho de 2011

Coração de Ferro

Só estava ele, batendo cem mil vezes todos os dias. Procurava encontrar algo para cobrir o vazio. Porém, todas as vezes que aquele buraco era coberto, alguma ferida era formada. E só ele voltava a ficar.

Um dia, coberto de feridas mal cicatrizadas, percebeu que a solidão não incomodava mais. Charles Darwin estava correto: sobrevive aquele que mais bem adaptado ao meio está. Decidiu transformar-se.

Construiu um casulo. Lá sofreu a histólise, seus tecidos foram se destruindo de dentro pra fora. E assim, como acontece com as lagartas ao virarem borboletas, nem tudo foi destruído, algo  iria permanecer mas só seria descoberto com o tempo.

Após esse lento processo bombeou com uma força mais forte que o normal, e o casulo se partiu. De ferro ele havia se tornado, sem espaço para feridas e solidão.

(Livia Belardi)

terça-feira, 12 de julho de 2011

Julho

O Sol cobre o céu, o frio cobre a pele
Solidão ficou só, vou embora antes que ela tagarele
Sobre o que não quero lembrar e nem esquecer
Sobre o que eu deixo a adormecer

São pedaços de mim
Que ficaram pra traz
Junto ao azul sem fim
E as olheiras
Marcas de quem não tem paz

Julho, doce julho, e eu não me lembro mais...

(Livia Belardi)

Reticências

 Às vezes temos que pensar que dizer "Adeus" é, também, dizer "Olá" a uma nova fase. Nostalgia, é o que restará de momentos pelos quais viveríamos de novo.

Palavras, gestos, abraços, sorrisos... Tudo o que de melhor poderiam lhe dar, e lhe deram, da melhor forma possível.

Comigo fica um toque lúdico, de criança que ganha presente e se entristece ao perdê-lo.

Mas não é a tristeza que terá ênfase aqui, e sim a felicidade. A felicidade de saber que todos lutamos por sonhos. Sonhos que pra alguns de nós começaram agora, e o primeiro passo demos juntos.

Sempre fico confusa quando me deparo com bifurcações e parte disso me fez entender que não preciso escolher um lado para seguir, eu só preciso seguir.

Pessoas podem ser passageiras, na teoria a maioria delas são. Mas na prática, posso dizer que as boas, as que te fortaleceram e fizeram de você quem você é hoje, essas são eternas, mesmo que nunca mais seja feita uma única troca de palavras.

Não vou colocar um ponto final no que vivi até aqui, deixo minhas reticências e a vida continuará a dizer qual será o rumo dos nossos sonhos, e se entre eles nos encontraremos de novo...

(Livia Belardi)

segunda-feira, 11 de julho de 2011

A dança

Fechei os olhos pra lembrar
Quando eu gritei o seu nome
E em meio a cem mil pessoas cruzei com teu olhar
Aquele dia, aquela hora, aquele lugar.
Sincronia?

Fechei os olhos e te vi dançar
Segurando minha cintura, vejo a felicidade chegar.
Foi quando o sentido perdeu o sentido e me faltou ar.

E eu precisei lembrar de você pra voltar a respirar.

(Livia Belardi)