O coração de ferro continuou só, batendo as mesmas cem mil vezes todos os dias. Até que encontrou um alguém que de ferro o transformou em carne.
Inocente e inexperiente passou a bater cento e cinqüenta mil vezes por dia, iludido. O fato de ser composto por carne trazia espaço para novas feridas. Em pouco tempo foi o que aconteceu, as feridas voltaram a cobri-lo.
Com o tempo passou a bater pouco mais de cinqüenta mil vezes por dia. Quando estava perto de seu óbito lembrou-se de Darwin, e resolveu adaptar-se ao novo meio em que vivia.
Um novo casulo foi formado, sofreu a histólise novamente. Destruindo-se de dentro para fora, e reconstituindo-se de ferro e carbono ficou pronto para sair do casulo, sem nenhuma marca do passado, apenas uma vaga lembrança do que é a dor.
Com uma agressiva e ríspida bombeada rompeu o casulo que o envolvia. Lá estava ele, composto por aço e batendo cento e onze mil vezes por dia.
(Livia Belardi)
N.A.: Este texto é continuação do texto "Coração de Ferro"(http://belardithoughts.blogspot.com/2011/07/coracao-de-ferro.html).
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